quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Meu livro

Estou organizando um livro, com muita documentação histórica, onde pretendo contar toda a trajetória da minha vida política e a minha luta sem tréguas, contra a injustiça e a corrupção, a partir da morte do meu filho Marcellus, estudante de Educação Física e professor de natação, que foi espancado covardemente até a morte por cinco PMs, todos absolvidos posteriormente, pelo simples motivo de ter se recusado a entrar num camburão policial, na Cidade de Deus, Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro. Assim como todas as falcatruas encontradas por mim como Presidente da Câmara.
Conto neste blog com o incentivo e cooperação de cada um que acompanhou esta minha luta.
Um abraço.

Os 388 fantasmas

Os 388 fantasmas

Como presidente da Câmara, desvendei e denunciei vários escândalos dentro do funcionalismo, porém nada se igualou, ao dos fantasmas da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Ali, a criminalidade entrou em cena com sua face mais deslavada e grotesca. O golpe se desenvolvia de forma tão rudimentar e exigia a participação de tanta gente que é difícil acreditar que tenha realmente ocorrido.
O ataque ao cofre municipal começava com a falsificação de alguns documentos, enviados por prefeituras do interior do estado, no qual, após apagar o verdadeiro motivo do documento usando (Corretivo Liquido de Papeis), com o documento “em branco” colocava-se à disposição da Câmara determinado personagem. Aproveitando o carimbo da prefeitura, a assinatura do prefeito.
Bastava, então, que um vereador encaminhasse o portador a um funcionário de sua confiança no departamento de pessoal para que mais uma contratação fosse celebrada em surdina. Como não bastasse, criaram uma lei efetivando esses funcionários “fantasmas”. Papéis em ordem, o beneficiado não aparecia para trabalhar, mas descontava seu cheque mensalmente.
Descobri o mar de lama e acabei conseguindo apoio para fazer as demissões dos 388 fantasmas que se escondiam num quadro de 2 500 funcionários.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Regina Gordilho - Caça Fantasmas

Revista Veja - 1º de março de 1989 - A caça aos fantasmas
O país reage ao empreguismo no serviço público e exige o fim de abusos como a tolerância com os que ganham sem trabalhar.
No Rio de Janeiro, a vereadora Regina Gordilho, do PDT, 54 anos, presidente da Câmara Municipal em seu primeiro mandato, era aplaudida por ter posto no olho da rua 388 funcionários fantasmas contratados através de expedientes criminosos, até com falsificação de documentos. Regina foi boicotada por colegas, recebeu pressão dos funcionários que comanda e até ouviu ameaças de morte pelo telefone de sua casa - mas vai em frente. "Os responsáveis pelas contratações também vão ter de se explicar", promete ela para um grupo encorpado de vereadores e funcionários atolados até o pescoço na irregularidade. Em Brasília, a ameaça dos barnabés nacionais, de onde o presidente José Sarney geriu a contratação de aproximadamente 100.000 pessoas em seus quatro anos de governo, o palco do combate transferiu-se momentaneamente do Executivo para o Congresso. Ali, a estudante Maria Aparecida de Oliveira, em pesquisa para escrever uma tese de ciência política na Universidade de Brasília, desvendou um escândalo familiar. Guiada por funcionários insatisfeitos com o protecionismo reinante no Legislativo, ela passou seis meses escarafunchando a intimidade dos gabinetes para descobrir que 197 dos 495 deputados e 22 dos 7 senadores empregam um total de 325 parentes com salários que chegam a 3.000 cruzados novos, enquanto o trabalhador brasileiro recebe em média 90 cruzados novos. "O pior que muitos nem trabalham".
Reportagem da Revista Veja - 1º de Março de 1989.